GÉNESE DA COMUNICAÇÃO


Origem da Palavra Comunicação:



 Génese da Noção Moderna de Comunicação:

Em 2006, Vaz Freixo começa por fazer referência a um conceito de comunicação muito pouco aprofundado, que passa pela existência de uma situação de diálogo entre duas ou mais pessoas (emissor e receptor) que conversando vão trocando informação, mensagens e ideias. Para, de seguida, o autor (id. p. 49) afirmar «Entretanto, se aprofundarmos mais um pouco esta questão, prontamente admitiremos que o fenómeno não se restringe exclusivamente ao envolvimento, apenas, de duas ou mais pessoas; (…) existe comunicação entre os animais, entre máquinas (dois computadores ligados entre si, por exemplo) (…) bem longe, portanto, da simples situação inicial de diálogo.
Podemos desde já concluir que definir comunicação é uma tarefa fácil e que, todavia, se torna uma missão cada vez mais complexa à medida que nos afastamos dessa nossa intuição inicial e mais imediata».

Momentos Mais Marcantes da Comunicação Moderna:

É no campo das ciências que maiores avanços se vão dando, com o aprofundamento dos estudos sobre os meios de comunicação e a realidade comunicativa. É de referir, que mesmo no campo das ciências, o estudo da teoria ou teorias da comunicação não foi em nada pacífico. Esta controvérsia é referida por Vaz Freixo (2006, p. 51) «… esse campo de estudo vem sendo atravessado desde o início por uma série de tensões, contradições e dificuldades – decorrentes algumas da natureza de seu objecto, ou da relação por vezes conflituosa que se estabelece entre o campo da teoria e o campo da prática; outras ainda de ordem mais teórica como sejam a harmonização das diferentes abordagens e tratamentos conceptuais e na construção de seus próprios referenciais.».
A existência de várias teorias da comunicação dificulta a sua sistematização, o que origina vários modelos de agrupamento, identificando-se cada modelo com determinada época.




[Fonte: seresadolescentes, 2011]
Um primeiro modelo, modelo de comunicação de massas, surge com a divisão do mundo em dois blocos (conceito de esquerda e direita), e portanto a existência de duas grandes correntes teóricas de acordo com dois grandes paradigmas. Vaz Freixo (2006, p. 51) refere «o paradigma da ordemparadigma do conflito (representado pela chamada «pesquisa administrativa», desenvolvida pelos americanos), e o (perspectiva crítica, de cariz marxista)». 






[Fonte: sidneiemoura, 2011]
Umberto Eco (citado por Vaz Freixo, 2006, p. 51) vem reforçar a ideia através do seu estudo intitulado «Apocalípticos e integrados». Sobre isto, o autor (id.) refere «…considerou apocalípticos todo o pensamento crítico que vê na cultura de massas a anticultura e o sinal de barbárie; e integrados, o pensamento administrativo marcado pela aceitação passiva e feliz da cultura de massas.».





[Fonte: lenartkucic, 2011]
Para melhor explicar o aspecto da cultura de massas, Denis McQuail (citado por Vaz Freixo, 2006, p.51) faz referência a um estudo de Carey (1978), que aponta para a existência de três fases no debate sobre os efeitos da comunicação de massas.






A primeira fase ocorre na década de trinta, com uma forte instabilidade social originada pela grande depressão e pelo início da segunda grande guerra.
 A segunda fase ocorre durante os anos cinquenta e sessenta, épocas de alguma normalidade e portanto conduzindo (Vaz Freixo, 2006, p.52) ao «modelo dos efeitos limitados». 
 A terceira e última fase surge no fim dos anos sessenta numa sociedade conturbada pelos problemas sociais, divergências políticas, guerra, etc. 


Tudo isto contribuiu para, (id.) «pôr a descoberto aspectos essenciais da estrutura social e torná-la permeável aos meios de comunicação de massas». Ou seja, em épocas de grande incerteza e de grande conturbação, as pessoas têm tendência a ver nos meios de comunicação por massas a forma mais eficaz de fazer transportar a mensagem.

Uma outra corrente de estudo da teoria da comunicação ordena os estudos por áreas de conhecimento. Sendo assim, temos: sociologia da comunicação, psicologia da comunicação, …

Outro modelo faz um agrupamento dos estudos segundo a sua filiação nas diferentes correntes de pensamento: funcionalistas (positivistas); marxistas e estruturalistas.

Outra corrente toma como referência a base geográfica. Sendo assim temos: Escola Americana; Escola Francesa e Escola Latino-Americana. Vaz Freixo (2006, p. 53) refere «Esse sistema que tem como vantagem a contextualização sócio-histórica dos estudos, tem o inconveniente de encobrir tendências distintas e, às vezes, criar uma falsa unificação.».

Um outro modelo baseia-se nos estudos efectuados por algumas universidades, institutos ou centros de pesquisa. O autor (id.) menciona «…, a Escola de Frankfurt que desenvolveu (…), a tão conhecida Teoria Crítica …».

Uma última abordagem de estudo da teoria da comunicação baseia-se num agrupamento temático, «conforme» (ibid.) «a abordagem e a ênfase específica dada ao objecto (ou processo) da comunicação.». Seguindo o raciocínio de Vaz Freixo (2006), podemos ter então, estudos voltados para os vários componentes de um sistema de comunicação (emissor, mensagem, receptor, etc.), por exemplo.

Etapas do Desenvolvimento da Noção Moderna de Comunicação:

O primeiro momento (início da década de 40) surge com a «cibernética», e tem como finalidade unificar sob a mesma designação um conjunto de fenómenos em várias áreas tais como: cardiologia, neurofisiologia, telefonia, electrónica, matemáticas aplicadas e antropologia.


[Fonte: escoladeredes, 2011]
O segundo momento ocorre nos finais da década de 40 (1947-1948), onde o matemático Norbert Wiener sugere o modelo circular retroactivo.






 



[Fonte: hidakajuggle, 2011]
Por esta altura, Claud Elwood Shannon, também ele matemático, faz impor a teoria matemática da comunicação. Desenvolve a teoria linear, que, segundo Vaz Freixo (2006, p. 55) «Neste esquema linear, em que os pólos definem uma origem e um fim, a comunicação assenta na cadeia dos seguintes constituintes: a fonte (…); o encoder, ou emissor, (…); o canal, (…); o decoder, ou receptor, (…); e a destination, ou destinatário,…». O principal objectivo de Shanon com este modelo, seria de quantificar o custo da mensagem («informação») que estaria sujeita a perturbações («ruído») durante a sua transmissão entre os dois pólos.






Apesar de tudo, Shanon foi criticado pelos seus opositores de então, nomeadamente pelo «colégio invisível» ou «Escola de Palo Alto». Estes estudiosos assumiram o modelo circular de Wiener e fizeram a seguinte sugestão, Vaz Freixo (2006, p. 56) «O grupo sugere que a Teoria Matemática da Informação concebida por e para engenheiros das telecomunicações a estes seja deixada, devendo a comunicação ser estudada pelas ciências humanas a partir de um modelo próprio.».


[Fonte: gregorybateson, 2011]
O terceiro momento acontece no pós-guerra e teve origem no desenvolvimento e evolução da sociedade ocidental. Nesta fase, tal como na anterior, são os investigadores científicos ligados às matemáticas, ciências da natureza e às técnicas, que marcam o passo no estudo da comunicação. Gregory Bateson, antropólogo, é um dos investigadores que pertencendo à área das ciências humanas, também se ocupa da investigação na área da comunicação. 




Vaz Freixo (2006) coloca então a questão do porquê de serem estes investigadores e pensadores a questionarem e a investigarem na área da comunicação e não outros?

[Fonte: commons, 2011]
Philippe Breton (citado por Vaz Freixo, 2006, p. 57) a propósito desta questão esclarece «o mundo dos media de então não tinha a distância suficiente para teorizar o que constituía uma prática quotidiana em pleno desenvolvimento». Por outro lado, Faz Freixo (2006) explica que naquela altura a comunicação, mesmo sob a forma cibernética, não era uma questão pertinente, i. e. , os ideólogos não estavam muito interessados em questões ligadas à comunicação. Finalmente, a utilização em massa das técnicas de comunicação para propaganda, nomeadamente no campo das ideias políticas, veio como que “tapar” outras questões que pudessem vir a surgir e serem susceptíveis de discussão.  


Conclui-se que o estudo das teorias sobre a comunicação foi conturbado pela existência de vários factores, tais como, a dificuldade em conjugar o campo teórico com o prático ou até a dificuldade em harmonizar as diferentes abordagens que foram surgindo. A existência de várias perspectivas levou ao surgimento de vários modelos, que foram alvo de estudo por diversos investigadores e pensadores e que tiveram como principal intuito científico conhecer as várias teorias de comunicação.
Destaca-se também, o papel da cibernética e do matemático Norbert Wiener com o modelo circular retroactivo. A inclusão do conceito de retroacção (feedback) na cibernética veio conferir-lhe uma eficácia da acção, dando-lhe assim um papel fundamental no processo comunicacional.

3 comentários:

Ana Barbosa disse...

Ficamos também a conhecer que a palavra comunicação, oriunda do latim comunicatione, significa etimologicamente “acção de participar”, sendo de facto o acto de comunicação tão ancestral como a própria história da comunicação.

Ana Barbosa disse...

Segundo Diderot (citado por Vaz-Freixo, 2006) «”comunicação” possui um grande número de significações. (…) afirmava que a comunicação “fala a língua de várias ciências, artes e ofícios”».

Ana Machado disse...

A palavra "comunicação" tal como as civilizações, e para acompanhar o seu desenvolvimento, evolui também. Assim actualmente, o termo comunicação é usado por várias formas e com vários sentidos atendendo aos âmbitos onde ela é inserida.

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